Vida nova
Deixei de existir para viver
e amar com diferente ternura
e ter nos olhos a alegria pura
e a alma feliz.
Com a fala pausada e mansa
fui às ruas,
encontrei as praças,
estive em ar de graça,
enxerguei a luz do dia.
Hoje sinto a vida com os sabores da mão,
que ao que deseja toca
e ora de pés juntos
e sente a vida e o mundo
em festa de parturição.
Busco estradas pausadamente
e quando não as tenho aos pés,
crio asas, rumo sem rumo e sem pressa,
ouvindo da vida o que nela presta e me interessa
e em festa ousa amar-me.
Meu corpo é a força de minha misericórdia
e minha vida uma ida de longa volta
a caçar sobrevivência e a sentir saudade.
O milagre de mim sou eu quem faço e acho
e este poema é-me apenas um atalho
de tudo o que ainda quero andar tendo vivido.