[Transa de Solidões]
[Será preciso morrer de sede ou virar o jogo?]
Num encontro, a vida sensível e bela,
a vida gozada no fugir do instante,
a vida escapada às cotidianidades,
a vida subtraída aos fúteis rabiscos do ser,
é uma transa de escurezas indizíveis,
é um intertexto de vivências sofridas,
é um entrelace de solidões prisioneiras,
prisioneiras de cadeias auto-infligidas...
Inda que lábios ávidos, trêmulos, temerosos,
busquem o toque da face tímida e quente,
nada acontecerá além do estirão da corrente,
impõe-se a necessidade de morrer de sede...
E como em toda e qualquer relação,
o tempo de reflexão será o inimigo cruel,
pois torna ‘inda mais altos aqueles muros
que a Razão ergue contra a Felicidade...
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[Penas do Desterro, 26 de novembro de 2008]