ZUMBÍ

A luz pálida do luar clareia

as ruas da minha cidade.

Quem mais viveria aqui?

Só eu mesmo,

zumbizando por essas vielas,

procurando o caminho do túmulo

no cemitério abandonado.

Estou voltando para casa,

nos muros destruídos pelo tempo

pichei versos de uma canção,

perdida na memória da terra,

velha como Atlântida,

a canção ressoa em minha mente.

EU VOLTAREI E OS ENFORCAREI,

EU VOLTAREI E OS ENFORCAREI.

O ranger de janelas apodrecida

acompanha o meu canto solitário,

encho o peito corroído pelos vermes

e canto alto, cada vez mais alto.

EU VOLTAREI E OS ENFORCAREI,

EU VOLTAREI E OS ENFORCAREI.

Os ratos do esgoto riem de mim.

Ei Zumbí... Seus inimigos já morreram.

Ratos idiotas, quem se importa?

Se morreram, se queimarão no inferno

com a corda no pescoço.

Eu canto e a minha voz ecoa pelas ruas.

Os grilos acompanham a canção,

creio que concordam com a minha vingança,

antes de entrar no túmulo

cantarei ainda mais uma vez,

somente para aborrecer os ratos.

EU VOLTAREI E OS ENFORCAREI,

EU VOLTAREI E OS ENFORCAREI.