Escrevo por quê?
Escrevo por quê?
Para criar meus mundos...
Para não me ausentar de mim
Para caleidoscópicamente ser eu
Para unir o santo e o profano
O yin e o yang
O branco e o preto
A prostituta e a imaculada
Para mover minhas asas
Para não me tornar imóvel
Escrevo por que sou insone, noctívaga
E desejo me tornar leve e expansiva
Quero conhecer-me, refletir-me
Sondar meu íntimo, meu silêncio
Por que tenho sede de lucidez
E quero tirar meus pés do chão
Quero atingir o inexpressivo
A luz, a exatidão, a razão
A fonte da vida, o sentido real
A irrealidade, a causa, a lógica
Quero atravessar a ponte dos sentidos
Quero a estrada da sensatez absurda
Quero explodir em delírios flamejantes
E viajar na velocidade da luz...
Quero a felicidade que Mansfield alcançou
Todas as práticas de desfalques de Lispector
Toda a bipolaridade de Pessoa e suas coerências
E todos os beijos tácitos de Drummond
Escrevo por quê?
Por que me faz bem à alma
Me eleva o espírito, me arrebata
Me acalma e me relaxa...
Me liberta!