ARRAIAL DO CABO

ARRAIAL DO CABO

O tempo que é minha hora não é hora de ninguém.

Passo e fico como traços de meus passos a caminho

de Belém...

O vento cavalga nuvens desancoradas do mar

e o mirante contando barcos junto ao cabo do arraial

à beira-mar... O vento vergando o dorso das casuarinas

entre casas e colinas navegando no luar...

E na brisa o que se vai na brisa vem no cantar

do mar-e-vento que é seu fado regressar.

De Belém ressoam sinos na concha da madrugada...

O arraial me diz do amor sem que precise dizer nada,

que trago n’alma profunda a calma desesperada...

Deixem-me aqui sepultado num coral de águas profundas

sob a areia movediça entre as algas derramadas...

E meus sonhos entre as dunas onde jaza bem mais funda

a minh’alma apaixonada...

De tanto amor já viveram que de estrelas se fizeram tantas

horas de esperanças...Ai, quem me dera pudesse morrer

de mar aberto de amor nesse arraial de lembranças...

A. Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 24/11/2008
Código do texto: T1301496
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