Às portas do sonho
Ai, que ondas quebram
à beira do mar,
vomitando espuma
e meus pés a molhar?
Ai, sente a sirene
melancolia gritar!
Senta aqui, tão perene,
em meu colo a sonhar!
Tu que sabes.
Eu não sei
qual querer
vem poder
do meu peito roubar
feições,
corações,
por sangrias a pulsar.
Quem alicerces encanta
e de prazeres se espanta,
a chorar e beber?
Que nas verdades mentem
com palavras molhadas
e estalos de canções calejadas?
Ora bolas,
não pinóia!
Dic bola,
sidi mola.
João Gilberto
e Cartola.
Shine, shine boots of leather.
Please, don’t stop now!
Io voglio sapere
che cose sono queste.
Assim,
que em Babel,
Sião e Camões
tenho brandas alucinações.
Do passado, tão feliz,
mentiroso e velho.
Do presente era dor,
então, passado;
do presente que é tão belo.
Encerro, pois,
se tu quiserdes.
Sou do que não era
e cresço no que fui.
Engrandeço a fuga curta,
repudio o retorno impuro.
Poeta cantat Troiam.
Poeta erat egum.
Fui amadus filius
et Veuni filii.
É visto então
que é tudo em si.
Seja no vocábulo impreciso,
ou nas luzes de Saturno.
Estou longe,
estou perto,
estou logo onde deito.
De tal leito
não mais saio.
Por Orfeu aguardo
com Dionísio a meu lado.
Estou pronto pra mais uma Morte,
que, de minha sorte,
se anuncia
na soneira e no galope.