Pequeno Manifesto de Apoio ao Ciúme
Eu crio um monstro de olhos verdes.
Ele grita,
não o ouvem, e
ninguém se comove quando chora.
Só quando (puro fingimento!)
vira as costas, dá de ombros,
“nem te ligo!”,
aplaudem-no - com vigor
hipócrita.
Sua natureza é intuitiva,
odienta;
sua pele, egoísmo e vingança!
Por que lhe demandam outra alma?
Querem uma frágil carne sem gosto,
sangue fluido;
querem mesmo essa fortaleza
desarmada,
os fossos rasos, saneados?
Eu aviso, crio um bicho de olhos de farol.
Digo também:
não o toquem!
Ele - ao menos - é só meu.
10.03.2005