A MENDIGA.

(selecionada e editada pela CBJE, na 5a edição de Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos, Fev e Dez, 2004)

Trêmula, indecisa, suja, em vão suplica

As migalhas de favor, o resto ou sobra

De porta em porta em vão a mão estica

E se atiram algo, ao agradecer se dobra.

O filho chora, em frágeis e enrugados braços

Que o balança, e a mãe ao seio o ajusta

Tem ele como a mãe: destino e traços

Que entre babas e suor não mais soluça.

Mostra, os poucos e sujos dentes que ao sorrir

Olha para o filho: qual será seu futuro?

E para seu soluço, sempre um pão velho e duro.

E afaga o que lhe resta na vida ao peito

E com molambos a terna mãe o filho cobre

Como se ser pobre, também fosse um defeito...