VISÕES DE ALCOVA

VISÕES DE ALCOVA

Que nossas vidas não sejam

entregá-las – mas perdê-las

nas poças sujas dos charcos

em que habitam as estrelas.

Sou o quanto é meu desejo

que à ninguém dei remover

feito um quarto de despejo

que em si coube sem caber.

Mortalhas de nossas almas

sudários de pranto e dores

nossas noites têm a calma

dessas veredas sem flores.

Sem louvor a expectativas

de quem sofre falso e-mail

por quem flores primitivas

nascem pedras de centeio.

Confiscar mágoas sem dor

é o meu jeito de vivermos:

celebrando o próprio amor

com amor pelos enfermos.

Afonso Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 23/11/2008
Código do texto: T1299864
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