VISÕES DE ALCOVA
VISÕES DE ALCOVA
Que nossas vidas não sejam
entregá-las – mas perdê-las
nas poças sujas dos charcos
em que habitam as estrelas.
Sou o quanto é meu desejo
que à ninguém dei remover
feito um quarto de despejo
que em si coube sem caber.
Mortalhas de nossas almas
sudários de pranto e dores
nossas noites têm a calma
dessas veredas sem flores.
Sem louvor a expectativas
de quem sofre falso e-mail
por quem flores primitivas
nascem pedras de centeio.
Confiscar mágoas sem dor
é o meu jeito de vivermos:
celebrando o próprio amor
com amor pelos enfermos.
Afonso Estebanez