BABILÔNIA

Já nascem, Maria, uma a uma, ao vento,

as rosas mais gentis da primavera,

e, à proporção que isto vai-se dando,

tu, fatalmente, sempre e sempre mais,

povoas meu vergel do pensamento.

E minha vida, como um largo cais,

aberta aos mares crespos da incerteza,

enche-se, também, dia após dia,

do verde manso dos teus olhos,

ela, que fora sempre tão vazia.

Vento, vida, cais, primavera...

– Que importa debuxar a paisagem,

se o que eu vejo, agora, qual miragem,

é a linda Babilônia dos teus olhos?

Fort., 23/11/2008.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 23/11/2008
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