MANHÃ NO CAMPO

MANHÃ NO CAMPO

Logo cedo vê-se o bailado intolerante

De dípteros variados como multidões aladas,

Famintas no banquete dos párias do Quênia,

Da Nigéria, do Sudão, de Angola

E.. do Brasil.

A manhã repugnante enche de baba

Os beiços descontraídos

Dos ruminantes preguiçosos, alheios

Na quietude da relva que me faz lembrar

“os miseráveis” de Victor Hugo

nos fartos festins de Maria Antonieta.

As moscas se multiplicam em gerações

Espontâneas de barrigas vazias sobre

As placas frescas de esterco verde-lodo.

A manhã orvalhada, repugnante,

Repugna-me!

Pablo Calvo
Enviado por Pablo Calvo em 23/11/2008
Código do texto: T1298696