MANHÃ NO CAMPO
MANHÃ NO CAMPO
Logo cedo vê-se o bailado intolerante
De dípteros variados como multidões aladas,
Famintas no banquete dos párias do Quênia,
Da Nigéria, do Sudão, de Angola
E.. do Brasil.
A manhã repugnante enche de baba
Os beiços descontraídos
Dos ruminantes preguiçosos, alheios
Na quietude da relva que me faz lembrar
“os miseráveis” de Victor Hugo
nos fartos festins de Maria Antonieta.
As moscas se multiplicam em gerações
Espontâneas de barrigas vazias sobre
As placas frescas de esterco verde-lodo.
A manhã orvalhada, repugnante,
Repugna-me!