Réu confesso


Na conjunção de loucuras
nos fizemos cúmplices
e cometemos atentados
infringindo a falta de regras
explodindo as inconsistências.
Somos muitos em nós mesmos.
Formação de quadrilha
de corpos, almas, intenções;
de sonhos e desilusões.
Pilhamos nossas mágoas,
assaltamos nossas alegrias,
corrompemos os menores
cantos de nossas almas.
Mas na hora da partilha,
da divisão do fruto
de tanto latrocínio emocional,
nos deparamos vis,
estelionatários um do outro.
Teu desafio foi aceito
e duelamos com armas
que sacamos de nossos desejos.
Desferimos sem dó
beijos e abraços.
Disparamos sanhas
numa troca ensandecida
de furor e lascívia.
Nessa guerra de gangues,
entre as dúvidas que te assombram
reunidas à socapa nos guetos
do teu espírito que é labirinto;
e meus anseios que me torturam
urdindo meios e formas
de me usurpar a razão.
Tu és cínica e juras inocência!
Eu, não! Sou réu confesso!
Não fujo de meus atos
e nesta hora de redenção
vou cometendo versos
a torto e a direito.
Meu delito é ser poeta
e o teu é ser coisa qualquer...