Suaves Murmúrios
Há um poema a ser escrito
Na convicção do dia que nasce.
Debruça-se o olhar cálido
Para além do infinito
Onde a saudade conhece o caminho.
Colo-me à vida, aos sonhos
E à nitidez da voz de cada verso.
Em minhas mãos, o contorno
E a volição da palavra
Despertando o silêncio.
Não cabe na mudez do olhar
O segredo do teu nome
O entorpecer de todos os sentidos.
No idioma sussurrado pelas letras
O abandono rouco do desejo
A sensação insustentável do teu toque
Num desafio a qualquer ausência.
E por habitares a paisagem
Em que respira a imaginação
Não mais me acorda
A manhã de todos os dias.
O alvorecer que vejo
É aquele em que me vens
E me entrego a este amor
Desnuda de qualquer dúvida.
E tudo faz sentido
Se sigo o curso inequívoco
Do meu loquaz coração
Despe-se em mim o teu rosto
Acolhido por meus olhos
Tão próximo ao afago incontido
Ao adejar tênue da minha saudade
Como se tu pudesses ouvir e sentir
O murmúrio suave das minhas mãos
Que te abraçam em solidão
© Fernanda Guimarães