Um ser estranho
Sou de outra terra
alheia aos lados e sem arestas,
terra do meu amor,
sem fim das terras do sem fim
onde além de mim mora o resto.
Sou o chão onde piso
e a asa que o tempo leva,
sou qualquer disfarce
e as secas dos meus invernos
onde tudo é excesso,
até as faltas caladas
que meu silêncio roubam
e fogem por outras estradas,
as que não levam ninguém
para poderem levar-me.
Sou de outra terra, já sabes,
e o que é meu não te empresto
e o que é teu não está neste verso
e nada de ti diz e não diz nada!