Farândola (parte 2)

E assim se fez meu dia,

insano e breve,

aflorou em verdade.

E da minha sinceridade

nasceu tão bonita flor,

branca de alívio,

de firme insistência,

coragem incerta que domina o medo.

Não tenho, hoje, medo da dor,

se é pra doer, que me faça melhor.

De cor, de cor recito idéias,

nunca as tive, mas sempre me tomaram.

Que não se volte ao assunto,

o assunto jamais se retoma,

de alívio infinito banhou-se meu tempo.

Assim se fez meu dia

e não foi dia como outro qualquer,

talvez até achasse algo de coincidência,

mas mesmo a imaginação mais fértil

sabe não existi-la.

Mas, por que estava ali?

Momento intrigante,

de forte pergunta,

de enorme desejo

e de eterna loucura.

Eterna em espaço,

loucura para um tempo,

tempo esse que é de paz na boca

e muitas, muitas pedras na mão.

Acredito em meus olhos,

eles vêem mais do que meus pés,

que ando o tempo todo,

mas ando incerta...

quem me dera!

Talvez, achar porta ou caminho.

Nem portas fechadas nem caminhos estreitos,

tropeço nas jarras,

afogo-me em águas

de mares que aqui não existem...

vago, insignificante, em meio a escuridão.

E cheiro sua pele

e beijo sua sombra

e durmo em seus sonhos

e canto sua música pra mim.

Com voz de diabos,

cores de flor,

nomes, idéias, pseudônimos,

flores, coincidências (que não existem);

será que meu trono é de vidro?

Rainha sou; o que mais me posso ser?

De mente insone,

insana,

incontrolável,

de mente desconcertada;

desejos de beijos,

sonhos de você;

quem não mais se controla

sou eu; e quem mais?