Farândola (parte 1)
Sombras e vultos
e cores e sons,
meus dedos que tocam
o infinito da sua presença...
ausente, distante,
na penumbra do sonho,
mesmo acordada,
em coisas que acredito existirem,
em você que acredito estar aqui.
Seus olhos e toque
e voz e beijo
e passos e atos
e tudo que eu posso pensar...
não tenho você,
não quero te ter ,
no espaço do tempo só quero estar...
contigo somente
em dias presentes.
Hoje e sempre
e qualquer que seja.
O dia da noite da vida da morte,
o sonho que vive
e que fere a carne,
a morte que cerca
e trabalha e ganha...
o dinheiro que some
eleva a vida,
no alto do céu,
no fresco do inferno solar.
Que queima minha pele
que sonha com a sua,
o ar que habita o céu da sua boca.
Condena-me a razão,
que os homens não me conhecem.
Somente a ti foi dado o direito
e a mim foi dado o desejo.
Que em você encerra-se o meu encanto
e de mais nenhum há de ser meu sono.
Eu durmo e sonho,
acordo e devaneio.
Do seu corpo, meu sonho;
do seu beijo, minha loucura.
Quando?
E enquanto espero,
mato meus soldados,
quebro as muralhas
e apago as luzes...
quando você chegar,
espero que o sono não me tenha consumido.
Pra encontrar-te em outros lados,
cantos e portas
e salas e lógicas...
Você apareceu e eu
não pude deixar de querer...