Silêncio Gritante
Não vou comparar-te a substantivos
Nem fazer-te o meu sujeito oculto
Sequer atribuir-lhe um daqueles adjetivos
Que chegam a soar como culto
Não vou sangrar o meu amor
Nem chorar se acaso sofrer
Não cultivarei a minha dor
Se acaso não lhe ver
E uma acauã grita no meu telhado
Predadora vã de meus sentimentos diurnos
Escurecendo meu pensamento ensolarado
Abandonando-me como acepipe noturno
Teu acervo acerbo de sentimentos
Às vezes martela o meu encéfalo
E arremessa-me aos quatro ventos
Como um algo supérfluo
Enodoado o amor agonizante
Desemboca cantos entrecortando
Com todo o sentido de antes
Que no presente é apenas traço do passado
E nessa encruzilhada
Que o passado oferece-me de presente
Um epíteto levar-me-ia a nada
E não mudaria palavras entre a gente
Diminui tantos num grito agudo
Mas a solidão é muito grande
E tantas vezes fui feito surdo
Mas, o silêncio, é gritante...
E agora sou solidão...