Silêncio Gritante

Não vou comparar-te a substantivos

Nem fazer-te o meu sujeito oculto

Sequer atribuir-lhe um daqueles adjetivos

Que chegam a soar como culto

Não vou sangrar o meu amor

Nem chorar se acaso sofrer

Não cultivarei a minha dor

Se acaso não lhe ver

E uma acauã grita no meu telhado

Predadora vã de meus sentimentos diurnos

Escurecendo meu pensamento ensolarado

Abandonando-me como acepipe noturno

Teu acervo acerbo de sentimentos

Às vezes martela o meu encéfalo

E arremessa-me aos quatro ventos

Como um algo supérfluo

Enodoado o amor agonizante

Desemboca cantos entrecortando

Com todo o sentido de antes

Que no presente é apenas traço do passado

E nessa encruzilhada

Que o passado oferece-me de presente

Um epíteto levar-me-ia a nada

E não mudaria palavras entre a gente

Diminui tantos num grito agudo

Mas a solidão é muito grande

E tantas vezes fui feito surdo

Mas, o silêncio, é gritante...

E agora sou solidão...

Alex Fernando
Enviado por Alex Fernando em 21/11/2008
Código do texto: T1296247
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