A Janela

Olho através da janela embaçada

Reflexos do que no interior existe

Nuances de objetos coberto por penumbra

E o que observo são coisas entulhadas

Sem uso esquecidas foram substituídas

Em cada elemento um porque de existir

Há um historia a ser contada por eles

São mobilhas que fizeram parte de uma vida

Serviram de adornos ou de amparo.

Em particular meio excluído, posso ver um livro

Não consigo discernir exatamente

Talvez um álbum onde se guarde

Vidas ilustradas sorrisos silêncios

Momentos que valerão eternamente

Limpo a vidraça percebo que ao lado

Há uma caneta, com certeza não escreve mais

Passaram-se muito tempo desde a ultima vez usada

Então imagino que seria um diário

Onde foram registradas todas as situações

Vividas com seus pormenores, algo muito secreto

Vejo que na capa do há um monograma

Mais não consigo perceber

Minha visão turva não alcança

Parece-me valoroso está em destaque na saleta

Não está junto aos outros objetos muntuados

Está sobre uma escrivaninha

Numa disposição como se esperasse

A volta de seu escritor

Algo me diz que ele sempre volta

Com novas linhas a serem preenchidas

Por instantes de muitas novidades

No chão vejo suas pegadas

Que de certo é o dono de tudo aquilo

Vejo que elas são de quem sai do recinto

A porta entreaberta sinal de quem está só

Ou não tardará a regressar

Não há mais alguém, pois o contrário

Estaria lacrada, impedindo a entrada de outros.

Embora estivesse do lado de fora, me sentia parte dali.

Quando saí daquela janela não a vi mais

Senti-me num vácuo algo nunca experimentado

Ao redor se fez clarão

Foi então que abri os olhos e voltei ...

Flor de Laranjeira
Enviado por Flor de Laranjeira em 20/11/2008
Reeditado em 10/01/2010
Código do texto: T1294282
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