A Janela
Olho através da janela embaçada
Reflexos do que no interior existe
Nuances de objetos coberto por penumbra
E o que observo são coisas entulhadas
Sem uso esquecidas foram substituídas
Em cada elemento um porque de existir
Há um historia a ser contada por eles
São mobilhas que fizeram parte de uma vida
Serviram de adornos ou de amparo.
Em particular meio excluído, posso ver um livro
Não consigo discernir exatamente
Talvez um álbum onde se guarde
Vidas ilustradas sorrisos silêncios
Momentos que valerão eternamente
Limpo a vidraça percebo que ao lado
Há uma caneta, com certeza não escreve mais
Passaram-se muito tempo desde a ultima vez usada
Então imagino que seria um diário
Onde foram registradas todas as situações
Vividas com seus pormenores, algo muito secreto
Vejo que na capa do há um monograma
Mais não consigo perceber
Minha visão turva não alcança
Parece-me valoroso está em destaque na saleta
Não está junto aos outros objetos muntuados
Está sobre uma escrivaninha
Numa disposição como se esperasse
A volta de seu escritor
Algo me diz que ele sempre volta
Com novas linhas a serem preenchidas
Por instantes de muitas novidades
No chão vejo suas pegadas
Que de certo é o dono de tudo aquilo
Vejo que elas são de quem sai do recinto
A porta entreaberta sinal de quem está só
Ou não tardará a regressar
Não há mais alguém, pois o contrário
Estaria lacrada, impedindo a entrada de outros.
Embora estivesse do lado de fora, me sentia parte dali.
Quando saí daquela janela não a vi mais
Senti-me num vácuo algo nunca experimentado
Ao redor se fez clarão
Foi então que abri os olhos e voltei ...