A VISITA.
Aquela mão na albraba,
As cinzas se inquietam
Alarmando as rosas
Pela alma dos móveis,
O apelo é obstinado.
Talheres derreados,
Pratos com tosse,
Garrafas tresnoitadas,
Sobre a mesa dos remédios,
O rastejar da barata.
Cercas de intestinos
Dividem o quarto,
Ponte suspensa de riso,
Cinza velha com toquinhos,
Escuto, as pálpebras imóveis.
Acabo de me barbear,
Mandei comprar pão
E ande depressinha
Sou o ator principal
Nas roupas semiusadas.
Com cara de recruta,
Trajado de grão de bico,
Armadura de relógio,
Coração muito dado
Mais fácil que latim.
Nas rédeas da porta.
Ordeno ao porteiro:
- Abra !
Ninguém dá fora...
(D'Eu)