A VISITA.

Aquela mão na albraba,

As cinzas se inquietam

Alarmando as rosas

Pela alma dos móveis,

O apelo é obstinado.

Talheres derreados,

Pratos com tosse,

Garrafas tresnoitadas,

Sobre a mesa dos remédios,

O rastejar da barata.

Cercas de intestinos

Dividem o quarto,

Ponte suspensa de riso,

Cinza velha com toquinhos,

Escuto, as pálpebras imóveis.

Acabo de me barbear,

Mandei comprar pão

E ande depressinha

Sou o ator principal

Nas roupas semiusadas.

Com cara de recruta,

Trajado de grão de bico,

Armadura de relógio,

Coração muito dado

Mais fácil que latim.

Nas rédeas da porta.

Ordeno ao porteiro:

- Abra !

Ninguém dá fora...

(D'Eu)

Sidnei Levy
Enviado por Sidnei Levy em 25/04/2005
Código do texto: T12938