O primeiro e último da minha espécie

A uma música dos U2

O PRIMEIRO E ÚLTIMO DA MINHA ESPÉCIE

Sinto com a intensidade de mil sois

Com o ardor dum planeta

Embora tema que seja esta força

A minha fraqueza

Seja ela que me comprometa

Sou

O primeiro e último da minha espécie

Gostava de acreditar em Deus

De depositar nele as minhas razões

Mas como pode Ele

Ouvir tudo e todos

E responder a todos nas mesmas proporções?

Amo da mesma forma

Como respiro

Compulsivamente

Pois só assim

Sei que estou vivo

Vi demasiadas coisas

Ou demasiado poucas a acontecer

Fazendo por isso da vida uma roleta

Onde pouco tenho a perder

Pois só temo a morte

Que me peça para a seu lado morar

Pois nela tudo o que estimo pode desaparecer

Receio que ela me toque

Antes de algo realmente importante ter lugar

Amei-te mil dias

Mil vezes

Sempre com a mesma intensidade

Tiveste demasiadas caras

Demasiadas almas

Mas de mim sempre recebeste a mesma interioridade

Que é o meu segredo

A minha alma absoluta

Poeta de verdade

Disfarçada em artifícios estilísticos

Pois fiz da verdade a minha suprema luta

Sendo por isso, ou talvez não…:

O primeiro e último da minha espécie

Poema protegido pelos Direitos do Autor