AMOR SAPIENS (Cena IV)

AMOR SAPIENS

(Cena IV)

Não é verdade o que te dizem

as palavras que eu te não disse.

O travesseiro que à noite dividimos

não guarda vestígios de meus sonhos emigrados.

Por trás de cada porta devassada de meu sono

há sempre outra ainda não ultrapassada

como horizontes sucessivos das manhãs

que o sol deixa intocadas...

E tu me amas como tens amado

a todos os teus amores através de mim...

Então eu sou o cordeiro de tuas culpas,

remidas na ternura onde germinam as sementes

que meus impulsos desesperados derramam

nas veredas secretas de tuas pastagens

de amor comprometido...

Tu me acolhes em tuas entranhas

e eu me vejo renascer num pomar de romãs

onde o canteiro de teu sangue ameniza

com flores de antecipada primavera

o outono de meu sonho não cumprido...

A. Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 18/11/2008
Código do texto: T1290906
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