Língua danada
Edson Gonçalves Ferreira
Beijar-te-ei agora, diria o namorado
Dentro da Norma Culta
E a namorada, enraivecida, responderia:
Deixa de frescura, meu, me beija logo, trem!
É assim a língua inculta e bela
A última flor do Lácio
Com palavras difíceis como mesóclise
A colocação dos pronomes oblíquos no meio do verbo
Fica para depois
O encantamentos das bocas apaixonadas é maior
Me beija, me beija, me beija
Grita um garoto apaixonado
A namorada versada em língua, responde
Posso até beijá-lo, mas não se inicia oração com pronome...
Não, não quero saber de pronome reto ou oblíquo
Responde o namorado
Me beija só
A língua está mais viva do que nunca
Querer estagná-la é pecado
Agora, falar errado demais não dá tesão
Beija-me, por favor, diria eu, sem anunciar
Mas me beija em paz.
Divinópólis, 18.11.08