Fluxo

Sem porquê

inicio

no corrente,

como um rio.

Sem preparo,

ou armação

saem soltas as palavras

filhas da percepção.

O sol

me queima a retina

de verdes falsos

que a menina

insiste em ver

em meio a

latrina.

Arde minha

mente

em desejo

tão pungente

de criar

sem motivo,

ou aparente

significância

nas palavras

que profiro.

Prefiro, pois,

"poetar"

sem reparo

ou conserto,

advindo do

concerto

das máquinas

de rodas

que ensurdecem

e transcendem.

Procuro

livre

ser

o mais

intrínseco

da humana

animalesca

presença

de existência

contraditória.

O acerto

burro

e o erro

cândido,

que ofusca

verdades

que mentem

ao que sinto

e ao que

penso ser

fingimento

e cicatriz

poética,

sintetizam

e dispersam

num instante

a febre

e verve

de criação

que "alumeia-me"

a visão.

Escureço

e realizo

o sentido

sem sentido

se corrijo

ou se no erro

permaneço.

O que posso

e quero

é a feitura

de canções antigas

e letras vermelhas

que pintam céus

e galáxias

no universo

de imagens

tão falidas

e de palavras

esquecidas.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 18/11/2008
Código do texto: T1290332
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.