AMOR SAPIENS (Cena III)

AMOR SAPIENS

(Cena III)

Vejo as flores se abrindo para o sol

e as sombras que as acolhem, nada mais.

E falo com as reses à beira do caminho

e converso com as árvores e o vento

que me respondem quando passo

e os cumprimento...

É por ti, mas não de ti

esse pressentimento de estar em mim

um pastor de sonhos que se realizam

na canção de um regato entre folhagens

na pequenina flor cativa de um abismo

ou no múltiplo instante da germinação

das orquídeas que ornam meu jardim...

O que levas de mim não está naquilo

que tuas mãos alcançam!

E o que tuas mãos alcançam não está

na ânsia de alcançar...O que não levas

de mim é o que está consubstanciado

no incógnito perfume de uma sombra

ou no código não decifrado na memória

da arrebentação da brisa nos canaviais

ou dos sonhos que de manhã

já não te lembras mais...

A. Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 17/11/2008
Código do texto: T1289134
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