Apelo de Misericórdia à Sereia
Não peço que me adivinhe o futuro
Que leia as estrelas, minha mão, que me prometa o cúmulo (quero que sonhe comigo)
Que consulte o horóscopo e me dê certeza de que não há risco
Não precisa responder o mesmo ao meu “eu te amo” se não quiser (me faça sentir amado)
Não quero que me culpe pelo fracasso (por me importar)
Que minta, que me poupe de qualquer embaraço
Não evite, não adie, não hesite, não se intimide ante ao estrago (qualquer coisa é melhor que ser ignorado)
Todo mundo sabe que quem ama está sujeito a maus tratos (e na pior das hipóteses, a um naufrágio)
Não tenho medo de tentar, não tenho medo da verdade
Temo apenas a tempestade em alto-mar
O maremoto que não me permite nos salvar (não posso vencer o que há dentro de você)
Não tenho a intenção de desfazer seu mistério
De saber tudo, de decifrar-te por completo (quero devorar carne, coração e espírito)
Só escolho não me afogar, seu oceano como cemitério (mulheres, crianças e amor primeiro)