Apelo de Misericórdia à Sereia

Não peço que me adivinhe o futuro

Que leia as estrelas, minha mão, que me prometa o cúmulo (quero que sonhe comigo)

Que consulte o horóscopo e me dê certeza de que não há risco

Não precisa responder o mesmo ao meu “eu te amo” se não quiser (me faça sentir amado)

Não quero que me culpe pelo fracasso (por me importar)

Que minta, que me poupe de qualquer embaraço

Não evite, não adie, não hesite, não se intimide ante ao estrago (qualquer coisa é melhor que ser ignorado)

Todo mundo sabe que quem ama está sujeito a maus tratos (e na pior das hipóteses, a um naufrágio)

Não tenho medo de tentar, não tenho medo da verdade

Temo apenas a tempestade em alto-mar

O maremoto que não me permite nos salvar (não posso vencer o que há dentro de você)

Não tenho a intenção de desfazer seu mistério

De saber tudo, de decifrar-te por completo (quero devorar carne, coração e espírito)

Só escolho não me afogar, seu oceano como cemitério (mulheres, crianças e amor primeiro)

José Rodolfo Klimek Depetris Machado
Enviado por José Rodolfo Klimek Depetris Machado em 17/11/2008
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