7 sentidos
Existem num brilho
espasmos
a pintar,
no vazio de minhas
retinas tão frágeis,
orgasmos
e sensações
de descoberta de
uma mentira tão sincera.
Sou correto,
presente e linear
no meu erro.
Sou a incoerência
de palavras malditas
e não ditas
no momento
necessário.
Caminho
no caminho
que considero
e espero
ser o correto
para o que
penso ser
errado aos olhos
que me agridem
e que dilaceram
minhas vertigens.
Canto nomes
e pessoas.
Loucuras,
devaneios
de tão
cândidas
almas;
espectros no espelho
e passos
na calçada,
a esmagar
minhas mãos
no meio fio.
O que sinto
não é
o que sentes,
mas se assemelha
e confunde
olhares e palavras
caladas
pelas tarjas
e ordens,
outrora,
gritadas.
Estou livre,
completo
e contraditório.
Burro
e amante,
sou apenas
você ao contrário;
tudo que espero de
mim mesmo.
Vejo
em obra
desfocada
a cegueira
de nossos
pecados
inventados.
Falo
e degusto
nossas verdades
criadas
na essência
de nossa falsidade
alucinógena.
Cheiro
o que posso,
como o
cão caçador
e protetor
do inferno
em que vivemos.
Ouço vozes
de cânticos
religiosos
e fastidiosos
do latim
rasgado
e ferino.
Toco
tudo o que
percebo
e o que
me derruba
neste chão de
palavras esquecidas.
Volta e meia,
volto aos
sentidos
tão sentidos
que já
cortam
e dilatam
a estrada
e a linha
de meu
pobre cerebelo.
Não mais
escura
é a idéia
e a viril presença
de meu Ser
tão vivo
e íntimo
de você.
É um brilho
rasante e fugaz
que passa,
transcorre e
discorre
sobre
o que
finjo saber
e penso sentir.