DEVANEIOS DA INSÔNIA

DEVANEIOS DA INSÔNIA

O que faz eterno o instante

em que você ressurge da noite

coroada a face de sorrisos

é o que me diz o amanhecer

dos lírios de como já nasci

de braços abertos.

Já falei a você das folhas que caíram

e do sofrimento levado pelo outono

deixado em cada sombra de seu rosto.

Já mostrei como do fruto renovado

o renascimento da vida é infinito

como o cio das cigarras é o destino

que se cumpre no silêncio da resina.

Você consome o canto e os sonhos

e os mistérios a esmo desvendados

e deixa esse sinal de impenetrável

ausência nas minhas mãos vazias...

Mas onde houver a paz dos rios

tangidos pelos caminhos bebidos

de minha boca, eu irei beirando

as margens inventariadas no rol

dos padecimentos...

Só me resta esperar que esta noite

você volte a embalar com beijos

meu sono perdido...

A. Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 15/11/2008
Código do texto: T1285597
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