EU QUERO É TER PRAZER
Não me incomodo de morrer
Não me diga pra não fumar
Pra não beber
Pra não viver
Não renuncio ao charme
À boemia
Ao suave vento
À alegria
Não me diga mais que tal coisa faz mal
Que engorda
Que mata
Eu quero é ter prazer
Tirar da vida o que ela nos rouba
Depois do instante da partida
Nada mais dói
Nada mais
Não se sente o sol
Não se vê a Primavera
Tudo se vai
Nada se espera
Não me escondo da vida
Não me furto à lida
Não fujo do desafio
Nem choro
Não me entrego ao rio
Entro na canoa
Me deito olhando o céu
Fico rindo à toa
Sinto beijos prolongados
Abraços
Corpos estreitados
Não me chame
Não me ensine
Sou professora da vida
E a convenço
Ela vem comigo
Cachoeira abaixo
Eu a levo pelo braço
E finjo que é minha amiga
Não permito
Não aceito
Vou à frente
E jogo a vida de ribanceira adentro
Mato-a afogada em minhas lágrimas
Cubro sua rasa cova
Entupo-a de cimento