O ERRANTE

Estou aqui atravessando essa pátria,

mas ela não me pertence,

eu venho de vários países

e não sou de país algum.

Venho vestido de trapos sujos e coloridos,

na terra dos vivos,

sou o morto que retorna.

SOU LADRÃO, BRUXO, ADIVINHO,

EU ANDO ATRAVÉS DO TEMPO,

COLHENDO AS PEDRAS DO CAMINHO

COMO SE FOSSEM UVAS, E BEBENDO

A POEIRA COMO SE FOSSE VINHO.

Sou o assassino mágico, que escapou

da prisão de segurança máxima

e ronda os fundos do seu quintal.

Se cruzar o meu caminho, ignore-me,

eu mesmo não sei se sou amigo,

ou se tendo a oportunidade

saqueio a sua dispensa e

furo a sua garganta com o meu punhal.

Eu sou um errante do mundo.