NÃO SEI

Não sei se é preciso continuar a viver

Não sei se serão preciso palavras e gestos

Afinal

Mais cedo ou mais tarde

Tudo ficará esquecido

Minúcias

Delícias

Astúcias

Argúcias

Ficarão no limbo de uma vida

Que já não vê mais a repetição dos momentos

Na paisagem que nunca deixou de ser a mesma

A ternura é uma ficção travada na memória

A felicidade se perdeu

Na incerteza nossa de cada dia

Onde cada instante era feito de lágrimas, sangue e suor

Tudo se perdeu

Inclusive a dúvida de saber

O que seremos quando as horas forem infinitas

Não sei se é preciso

Imaginar os labirintos e o preciso instante

Em que tudo será silêncio

Todas as metáforas já foram sonhadas

E os milagres não foram feitos

No paraíso perdido da memória

Até quando

Será preciso continuar as parabólas

Para que entendamos os mistérios da vida?

Existimos apenas

Para que o nosso destino

Seja uma semente de dúvida

Necessária à existência humana

Corajosos são aqueles que dizem sim e não

E se declaram culpados

Dizendo as mesmas palavras

Repetindo os mesmos gestos

Encharcando o rosto de lágrimas

Sem saber qual será a sua parte no infinito.

JOAQUIM RICARDO
Enviado por JOAQUIM RICARDO em 15/11/2008
Reeditado em 21/11/2008
Código do texto: T1284973
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