ESPAÇO SIDERAL
Minh’alma é feita do soturno medo,
Do doloroso anseio da solidão noturna
Que rompem do âmago de gelada furna
Onde a Vida pôs seu principal segredo.
Ali, oculto entre a penha bruta,
O sentido exato das coisas sentidas
Recolhe-se à salvo das razões perdidas
E põe-se inatingível à humana luta.
No credo, na esperança, no covil maldito
Do místico mistério que há no Infinito,
A Sorte cria a lenda da Felicidade.
Ali, na negra cova do porvir medonho,
Jaz minh’alma feita de silêncio e sonho,
Sem Tempo, sem Razão e sós na Eternidade.