URANIO V.
Uma a uma
As fontes encolhem
Regatos por entre folhagem
Cessam o baando murmúrio
Como recado apressado
Em que as letras se apagam
Uma a uma
Que valor terá uma pedra
Ou duas idéias
Que se defrontam
Para prometer festivo?
Agora
Tal polvo de mil tentáculos
A noite acossa a montanha
Mordendo com lepra nos lábios
Obstinada, rasteja ao encontro
Da melodia inútil
Retesando a musculatura
Para o lance abortivo
A montanha se fende
Rompem suas entranhas
De suas rachaduras e fendas
Irrompe pelo espaço
O canto de agonia
Derradeira canção do urânio.
Ou talvez a premonição
De um suave-medonho
Parir de novo homem,
Enquanto a rubra noite
Dissipa os últimos clarões,
Delirantes, terríficos
Pelas encostas sem eco.
(D’Eu)