Politicamente Amor
Faltam-me os excessos da política?
Sobram-me os excessos de amor.
Pois não falo do verbojar estúpido
Das palavras mentirosas?
E dessa vontade vil de se encharutar?
O vinho é bem mais suave
Os pés grossos pisoteando a uva
Gostoso
Enquanto que o suco lhe escorre viscoso
Entre as pernas e os dedos.
Ao mesmo tempo que briga por cifras
Por quantas terras desbravarás
Desbrava-me o sertanejo que a cifra compra
Mas que tua burrice jamais pagará.
Enterras os corpos que matarás
Enterram-me a vida que desfruto.
Discutes os pontos que te orgulham
Descubro-me os pontos que me borbulham.
Sim, entendo bem do teu discurso
E vejo até o amarelo
De teu falso sorriso branco
Mas jamais estará em lençol brando.
Compraze tua boneca
Ao orná-la de aromas duvidosos
O único e certo aroma
O único que creio
É do suor que cai do peito
E desliza-me ao ventre.