SONATA.
Ouço tocar um piano,
O som vem de longe,
Quase inaudível,
É apenas sugestão,
Uma melodia ali esteve
Vibrando, estranha, sonora.
Distingo a apassionata,
A sonata aurora,
Distingo também dois vultos antigos
No estranho silencio sonoro
Caminham separados
Pela encosta do morro,
Entre arvoredo
Ao fundo a montanha coberta de neve,
Um assobia de leve,
O outro responde
Foi esta a presença que vi
Pouco antes de adormecer,
Estes vultos imprecisos,
O leve som de piano
Que ainda vibra, longínquo,
Uma nova sonata.
Voltou para o álbum,
Dois vultos retratam
Uma fotografia amarela,
Desbotada,
É um amor antigo
Há muito vivido.
Ouço agora um piano,
Soando pianíssimo,
Na noite vazia,
Na noite fria.
( D’Eu )