SONATA.

Ouço tocar um piano,

O som vem de longe,

Quase inaudível,

É apenas sugestão,

Uma melodia ali esteve

Vibrando, estranha, sonora.

Distingo a apassionata,

A sonata aurora,

Distingo também dois vultos antigos

No estranho silencio sonoro

Caminham separados

Pela encosta do morro,

Entre arvoredo

Ao fundo a montanha coberta de neve,

Um assobia de leve,

O outro responde

Foi esta a presença que vi

Pouco antes de adormecer,

Estes vultos imprecisos,

O leve som de piano

Que ainda vibra, longínquo,

Uma nova sonata.

Voltou para o álbum,

Dois vultos retratam

Uma fotografia amarela,

Desbotada,

É um amor antigo

Há muito vivido.

Ouço agora um piano,

Soando pianíssimo,

Na noite vazia,

Na noite fria.

( D’Eu )

Sidnei Levy
Enviado por Sidnei Levy em 24/04/2005
Código do texto: T12832