SANTA CRUZ

Ao fim da tarde,
seis horas,
ao pé da cruz
que cai,
os pecados e
pedidos,
dos nômades,
naturais
ao pé da Cruz
que cai,
refeltindo
os derradeiros
raios de sol,
da tarde
que já se vai,
recebendo alvissareia,
a noite
que se alevanta,
mansa,
serena e
lânguida,
ao pé da
Cruz
que cai.
A Cruz caída
conforta,
as Madalenas serenas,
os súplices habitantes,
os nobres itinerantes,
os passageiros passantes,
os suplicantes devassos,
os excluídos tristonhos,
os vagabundos, larápios.
A Cruz caída e
seus passos,
é a rota dos viandantes,
dos truculentos-errantes,
dos santos e dos beatos,
da centenária cidade.
A Cruz caída e seus
passos,
as dores e suas cores,
os amores e suas flores,
suas rezas, procissões,
sua jóia e penhor,
suas promessas e
terços,
na velha
São Salvador.
Na velha São Salvador
os Santos e seus
andores,
em vias sacras
lacrimosas,
cujos passos
titubantes,
titubantes e
ressurrectos,
expurgam ainda
das gentes,
na morte e
na vida,
os pecados
e os erros,
das suas paixões
ungidas,
ao pé da
Cruz Santa, 
caída.