Visão do paraíso

Quando eu morrer,

recolha meus sonhos

e reconstitua minhas fantasias.

Não deixe minha imagem dissipar-se,

quero ser um espelho nas paisagens

para refletir a beleza imortal de tudo que amo.

Junte todos os meus pedacinhos

e, com gestos graciosos,

modele,

domine,

numa transformação de ninfa em mulher

sem vaidade, mas com uma ponta de sorriso nos lábios.

Que o cheiro de âmbar se desprenda do meu corpo

e seduza até o mais tirano dos deuses

e derreta até os corações de pedra.

E, que no crepúsculo da noite,

Eu possa deixar uma vaga sensação de mistério,

Uma sutil carícia no ar...

(1995)