Garoa Fria
A garoa fria molha meus sapatos, minhas idéias avulsas,
Molha meu terno e rasga meus rascunhos incompletos.
A chuvinha fina, proveniente das minhas densas nuvens,
Embaça meu horizonte desalinhado,
Desmistifica em cada pingo o homem que sou,
Fazendo-me ver o homem que nunca serei;
Pois nada seria a não ser o anexo de uma idéia falsa.
Há uma espera demorada que se arrasta sobre tudo,
Mostrando um sol que já não brilha mais,
Já não dá a ilusão de um arco-íris que um dia inventei.
Sob a garoa fria, molhado, espero o metrô
Encostado no muro alto dos vendavais.