Garoa Fria

A garoa fria molha meus sapatos, minhas idéias avulsas,

Molha meu terno e rasga meus rascunhos incompletos.

A chuvinha fina, proveniente das minhas densas nuvens,

Embaça meu horizonte desalinhado,

Desmistifica em cada pingo o homem que sou,

Fazendo-me ver o homem que nunca serei;

Pois nada seria a não ser o anexo de uma idéia falsa.

Há uma espera demorada que se arrasta sobre tudo,

Mostrando um sol que já não brilha mais,

Já não dá a ilusão de um arco-íris que um dia inventei.

Sob a garoa fria, molhado, espero o metrô

Encostado no muro alto dos vendavais.

LLP
Enviado por LLP em 12/11/2008
Reeditado em 18/11/2008
Código do texto: T1279466
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