COISAS DO CORAÇÃO

COISAS DO CORAÇÃO

Se as pedras não sabem do instinto da flor

que sabem as sombras do instinto de mim

se pedras não guardam memória de amor

nem guardam princípios ou meios do fim?

Quem tem a certeza de algum porventura

se a brisa nem diz quando vem ao jardim,

se cá dentro d’alma há essa doce ternura

de guizos ou mantras ou sons de flautim?

Se eu mesmo não sei o que foi a ventura

dos tempos perdidos do amor em motim,

que entendem os dias de minha aventura

se a aurora só chega em finais de festim?

Se a água das nuvens não sabe da altura

e cai como o arco-íris do céu de carmim,

que sabe o teu pranto da minha candura

que cai das alturas bem dentro de mim?

Afonso Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 11/11/2008
Código do texto: T1278521
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