Tarde...
Não sei por que preocupar-me com o tempo
A urgência de viver é desgastante
Consome a energia armazenada
Pela euforia das pequenas descobertas
E a alegria que pulsa a veia do poeta.
O entardecer é livre uma vez que é isento
Do alinhavar das horas cambiantes
Que brincam no vácuo, despreocupadas...
E a última hora é determinante
Arrasta-se, pachorrenta e confiante
Tarde pode ser tão só um pensamento
Que de pensar-se, torna-se maçante
Deixando a rotina entediada
Num repetir insistente
Reprisando-se de modo incoerente
Tarde... É, pode ser tarde, como não?!
E então se esgota o tempo
Que nas horas se escondia
Na verdade, tarde soa como presunção
Como uma folha solta ao vento
Que se move à revelia
E segue sem direção...