"IDÍLIOS CURTOS E INTENSOS"

(intertexto com a crônica Viajar pelas Estradas

do poeta Rodolpho)

" Eu também sou só pedaços e, nas viagens, logo que o crepúsculo cai sobre todas as estradas, (...) vou entrar em cidades pequenas onde terei contato com pessoas que não conheço e que me não conhecem, uma parada de horas, ou de um dia, ou de uma noite, e um apenas adeus para nenhum nunca retorno.

(...) E nos falamos muito, de boca fechada, sem dizer palavra alguma e dizendo o mundo, que só assim o mundo pode ser pronunciado. Ela, essa minha companheira nessa noite encontrada, ela é muito perigosa, pois pode interromper a minha viagem, as minhas viagens. Eu, esse viajante que chegou na noite e se hospedou inteiro dentro dela, eu sou a presença do perigo, pois, se ficar, ela não hospedará outros viageiros noturnos e ficara sepultada na ausência de outros pedaços de gente. (...)"

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IDÍLIOS CURTOS E INTENSOS

Minhas mãos foram parar no teu rosto e lá

ficaram desgarradas de mim

meus olhos voaram ao teu redor

e minha boca gritou girando pelo espaço

quando meu sangue nas veias se

dabatia em correntezas...

meu pé direito ficou entre tuas mãos

e o coração saltou pela boca

rolando escada abaixo

(quem irá alcançá-lo?)

e este violino doido que toca Paganini

no andar de cima

e esse inseto descendo lentamente

pelas bordas do lençol?

Desfeita em ânsias me debato,

tua boca me engole em lento passeio

e eu sorvo gota a gota do teu suor...

roubas de mim momentos de vida

roubo de ti esta paz e guarida

levas meu melhor pedaço

e eu te guardo no meu regaço...

preciso arrancar de tua existência um

pouco de algo que não possuo,

tomar de ti este sopro de vida

enquanto em mim te consomes

teu cheiro entranhado no meu

tua voz pra sempre na memória...

e de mim roubas encantos

invades as minhas entranhas

sou tua em breves momentos

vais me guardar no esquecimento...

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16/11/2008 15h14 - Jorge Luiz da Silva Alves

"...e, entre chegadas e partidas, quartos de hotéis úmidos e a saudade que resseca-me cada vez que lembro da distância de cidade em cidade, de pouso em pouso; vida a vida vou vivendo com o sabor de muitos beijos por mim ofertados para que a amálgama resulte no seu último, antes da partida naquele quarto de hotel e sem a menor previsão de chegada...umedecendo meu rosto ressequido de saudade, o filete fertiliza-me em esperança : Quando?!"

Beijos do teu amigo e fã.

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 11/11/2008
Reeditado em 22/11/2008
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