LUDMILA

LUDMILA

Por mais que pareça tão leve

lembrança de um breve momento

é mais do que um pássaro almado

num sonho sem paz nem tormento...

É como se dentro de mim

assim como flauta no vento

uma voz que não sei bem onde

vivesse cantando tão perto

de uma dor que estava tão longe...

No peito já bronze fundido

antigo intocado na noite

perdida no rumo da aragem

como sons de cordas caladas

de alguma canção em viagem...

Na tênue plumagem da lua

seminua sobre a campina,

uma voz que não sei bem onde

talvez no rumor da neblina...

Uma dor que estava tão longe

na brisa que tange a cantiga...

Abriga minh’alma e acalanta

sem mágoa a esperança perdida!

E é tudo o que resta – uma sombra

de mim do outro lado da vida...

A. Estebanez

(Poema dedicado à minha filha do outro lado da vida)

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 10/11/2008
Código do texto: T1276641
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