LUDMILA
LUDMILA
Por mais que pareça tão leve
lembrança de um breve momento
é mais do que um pássaro almado
num sonho sem paz nem tormento...
É como se dentro de mim
assim como flauta no vento
uma voz que não sei bem onde
vivesse cantando tão perto
de uma dor que estava tão longe...
No peito já bronze fundido
antigo intocado na noite
perdida no rumo da aragem
como sons de cordas caladas
de alguma canção em viagem...
Na tênue plumagem da lua
seminua sobre a campina,
uma voz que não sei bem onde
talvez no rumor da neblina...
Uma dor que estava tão longe
na brisa que tange a cantiga...
Abriga minh’alma e acalanta
sem mágoa a esperança perdida!
E é tudo o que resta – uma sombra
de mim do outro lado da vida...
A. Estebanez
(Poema dedicado à minha filha do outro lado da vida)