OUÇO UM NADA.
Ouço um nada tão quieto
Na nossa noite tão tua,
Um pingo d`água,
Uma lágrima
Que vasa d`alma sofrida.
Quisera ser duro e forte,
Não escrever, nem sentir,
Quisera eu poeta poder,
Dizer adeus sem ter que ir.
Ouço um nada tão quieto,
Na minha noite tão nossa,
Um soluçar metido em perdão,
Uma voz fraca dizer bem forte:
-Quisera ser forte e duro.
Para tão longe viver,
Poder dizer adeus à vida,
Se ao menos ter que morrer.
Ouço um nada tão quieto,
Na noite de ninguém,
Uma amarga voz tão doce
De um mal que se chama bem,
Ouço um nada tão cheio de dor,
Chamando-me de seu amor.
(D’Eu)