Beijo
Menina morena, seu beijo me faz
moleque vadio, poeta maldito,
um barco sem vela, inerte, que jaz
que busca no cais um mar infinito.
Seu beijo, menina, é o que o tempo não traz:
o sabor da infância ou de um sonho bonito
é um desejo esquisito que já não satisfaz,
pois jamais se saciam meus lábios aflitos.
Seu beijo, morena, é o meu vício voraz
é o grito fugaz de um eco inaudito,
é meu dito, é meu mito, é meu rito de paz,
é, enfim, muito mais do que eu próprio acredito.