BEM QUE EU QUERIA MAS...
Eu queria sim... acredite...
ir à feira de sábado,
cortar o cabelo de um jeito moderno,
preparar kibe com coalhada,
buscar margaridas no quiosque de flores,
tomar café expresso no shopping,
comprar novos travesseiros,
visitar um amigo doente,
ir ao cinema ver "Lorna",
aceitar o convite para uma cerimônia de casamento...
ou mesmo ficar em casa sossegada,
sem a ansiedade habitual,
corpo leve, sem qualquer dor,
deixar a cabeça esvaziada de perguntas e lucubrações,
vedar as janelas, isolar os barulhos da rua, da vida lá fora,
desligar o telefone, a secretária, a tevê, o computador,
tomar um lambrusco tinto gelado, sorvido devagar,
ouvir várias músicas zen,
deitar-me no tapete, descalça e semi-nua,
lembrar apenas da voz do meu amor...
Bem que eu queria...
Mas o sábado já se vai, já se foi.
Há uma infinita prostração no ar e em mim.
Bebo lágrimas tão tristes!
Bebo as vontades sustadas...
Quedo-me ao desânimo e fraqueza...
Quem sou nestas horas?
Como será amanhã?
imagem: FlickR