CRIME CONTRA A INFÂNCIA
O ano letivo começou
Realizo atividades com os alunos
As quais vão ajudar
A conhecer a realidade
Em que os mesmos se encontram
Para, a partir dela avançar
Conhecendo suas dificuldades
Peculiaridades e necessidades
Essa avaliação diagnóstica
Sempre me deixa estarrecida
Embora a faça a cada início de ano letivo
Nunca me acostumei com seus resultados
Crianças que estão na escola há muitos anos
Algumas já se encontrando “fora de faixa” (etária)
Tantas foram as repetências e evasões
Pelas quais passaram
Hoje, na quarta série do Ensino Fundamental
Não sabem ler nem escrever
Não sabem pensar
Não têm idéias próprias
Só fazem cópias
E repetem o pouco que aprenderam
Feito papagaio!
Sinto vontade de chorar
Comovida com a triste sina dessas crianças
Marginalizadas
Excluídas
Enganadas
Que em sua inocência
Dizem que a responsabilidade
Do seu analfabetismo é delas próprias
Não é do professor
Que lhe abandonou
Não é do poder público
Cuja educação nunca priorizou
É delas mesmas
Que não “tem cabeça para aprender”.
Não sou melhor do que os colegas
Por quem essas crianças passaram
Nem sei mais do que ninguém
Mas assumo (a cada ano)
O compromisso com elas
Comigo mesma e com Deus
De devolvê-las à sociedade
Como cidadãos do mundo
Com uma formação científica
Ética e cristã
Capaz de fazê-las competir
De igual para igual
Com as demais crianças.