Tempestade Dionisíaca

Um brinde a Dionísio!

Ou a Baco;

como queiram os Romanos.

Cai uma chuva torrencial

em minh’alma.

São estes vinhos secos

e essa névoa serpentina,

a me derrubar na calçada;

sob tempestade.

Meus dentes sorriem

em uma doce

e suave tontura.

Há luzes enfurecidas

e dispersas

em meu cérebro danificado.

O sangue ferve,

e ejacula

relâmpagos de consciência

nesta viagem colorida.

Cheia de plantas

e raízes de corações

carentes.

Vivo fico.

E morto vou.

O momento não diz nada.

Não queiram,

olhos argutos,

caçar sentido

em aventuras “Baudelairianas.”

Não há razão porque escrever.

A mão segura a caneta,

enquanto as cinzas da alma pagã

vêem a verdade do “continuum”

das palavras omitidas.

É isso que se imagina,

e que se pinta em minhas retinas

tão fatigadas.

Como se se chegasse ao fim,

eu me sinto

e sinto que, também,

o companheiro sente.

É perto de onde se tem

o vazio no estômago,

o amargo

e o transcendente.

É nessa hora que brindamos

a um momento tão fugaz

e intenso.

É quando nada é possível explicar;

é quando se ama mais

que a si próprio,

entre luzes de cristais tão belos.

Teu Ser,

a queimar-me

em tesões ensandecidos.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 07/11/2008
Reeditado em 21/11/2008
Código do texto: T1270766
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