Tempestade Dionisíaca
Um brinde a Dionísio!
Ou a Baco;
como queiram os Romanos.
Cai uma chuva torrencial
em minh’alma.
São estes vinhos secos
e essa névoa serpentina,
a me derrubar na calçada;
sob tempestade.
Meus dentes sorriem
em uma doce
e suave tontura.
Há luzes enfurecidas
e dispersas
em meu cérebro danificado.
O sangue ferve,
e ejacula
relâmpagos de consciência
nesta viagem colorida.
Cheia de plantas
e raízes de corações
carentes.
Vivo fico.
E morto vou.
O momento não diz nada.
Não queiram,
olhos argutos,
caçar sentido
em aventuras “Baudelairianas.”
Não há razão porque escrever.
A mão segura a caneta,
enquanto as cinzas da alma pagã
vêem a verdade do “continuum”
das palavras omitidas.
É isso que se imagina,
e que se pinta em minhas retinas
tão fatigadas.
Como se se chegasse ao fim,
eu me sinto
e sinto que, também,
o companheiro sente.
É perto de onde se tem
o vazio no estômago,
o amargo
e o transcendente.
É nessa hora que brindamos
a um momento tão fugaz
e intenso.
É quando nada é possível explicar;
é quando se ama mais
que a si próprio,
entre luzes de cristais tão belos.
Teu Ser,
a queimar-me
em tesões ensandecidos.