Recorrentes

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Recorrentes

Meu mais amado e puro amor.

Maltrate meu meloso corpo.

Mutile minhas molengas mãos.

Tentei não tropeçar, cair no chão.

Torturei toda torpe parte da dor,

Tentando tiranizar, com desmedido esforço.

Calejadas e cálidas pálpebras...

Cicatrizes cinéticas de emperradas aldrabas.

Abri a algema alcoforada – perdi a chave.

Adão, Abraão – Ah! São tantos do conclave.

Postulei possíveis peças, fui ator.

Pensei passivamente, fiz-me um favor!

Não nego (negar-me-ia?) que sofri.

Nunca negociaria nenhum sentimento.

Prefiro prostrar-me e, num lamento,

Penitenciar-me plenamente sobre o que vi.

Sofri, sofro e sofrerei... Até quando?

Sei somente e simplesmente que

Viver vociferando vorazmente o pranto;

Viver venerando vulgarmente a cada espanto,

Depois de demorados anos de singular afeição,

Dói, delimitando a dor catastrófica do meu ser.

Crato-CE, 02 de novembro de 2008.

11h08min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 06/11/2008
Reeditado em 02/11/2015
Código do texto: T1269560
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