O Papel
O que falar dele?
É um objeto
ou elemento
sempre útil?
É útil quando grava a história,
as descobertas,
ou o conhecimento.
Quando engole verdades
e diz muito
sobre absolutamente nada.
Mais útil é ao poeta
quando abriga as estrofes incertas
e os versos sem rima,
ou quando abre espaço em branco
a notas e cifras
sem escala.
São tantas as suas utilidades,
que é dispensável citá-las.
Seja porque todos já as conheçam,
ou porque seria tempo perdido
ocupar seus espaços,
simplesmente em função
do eu-lírico egocêntrico.
O que falar do Papel?
O que é o Papel?
Qual o Papel do Papel?
Às vezes,
guarda nossas mais sinceras dores.
Em outros casos,
rebela o caos contido
em nossos corações tão cálidos.
Abraça toda nossa mentira,
vaidade
e beleza
construídas ao longo do tempo.
Abraça nossas lágrimas
e tesões
já entregues ao gosto público.
O Papel.
Está sempre submisso
à caneta do poeta.
Sempre o tijolo da história,
dos amores,
brigas,
e de todas as relações humanas.
Não cria certo e errado;
nem verdade e mentira,
apenas, os acolhe.
O Papel;
mudo e explícito.
O Papel qualquer,
o Papel,
só ele,
de dólares assassinos.
Seja com pautas
e rascunhos,
ou com catarros
e rabiscos de bosta,
este é o papel do Papel:
Ser o lar
de toda imagem nascida
de qualquer palavra proferida
e nele registrada.