Um belo dia
Ó, dia que sorri
entre raios de sol
e um frescor de manhãs boêmias,
louvemos a ti
bailando doces valsas
de demências cotidianas.
Que luz viril
“alumeia” a idéia
e derrete as dores.
Luz divina
e de vida,
que nos ofusca
a visão das crianças abandonadas.
Calor ferino,
de suave primavera
a desligar-nos das mentiras televisionadas.
Salve a cegueira
de nossa alegria inexata deste dia,
que fecha o cerco para
o progresso moribundo
das instituições públicas.
Viva
a este dia
tão belo e fugaz.
Bendito seja nosso esquecimento,
seja dos famintos
que, sem educação,
votam sempre nos mesmos fernandos ou silvas,
ou seja pelos mendigos
marginalizados
pela falta de emprego
filha dessa economia doente.
Cantemos como Românticos
a beleza deste dia claro,
impuro e mentiroso.
A candura deste mundo
vadio e alucinado.
Demos graças
à fome,
corrupção, estupros
e prostituição.
À falta de educação;
escolar
ou de respeito ao próximo.
Gozemos desta enganação,
ao compasso de nossa hipocrisia
tão soturna e verdadeira.
Estes olhos
tímidos pelo o horror
de nosso reflexo interno;
do nosso coração petrificado,
sem sangue ou palpitações.
Ejaculemos com esta punheta maldita
e sem razão:
A dor da ausência dos sonhos,
das lágrimas
e do amor.
Sejamos o egoísmo
vaidoso
de nossa tão serena falta de humanidade.
Olhemos perplexos
para o mundo doente que concebemos.
Não nos esqueçamos, pois,
de dar graças a Deus
pelo emprego, comida
e realizações que,
outrora, conquistamos.
Demos graças ao Senhor Nosso Deus
por mais este belo e radiante dia que nasce.
Mais uma vez,
ele é feito de tudo que é comum;
da beleza que insistimos em querer ver
nesta sangrenta e desleal guerra
que travamos com o que sentimos realmente.