Um homem às vezes...
Um homem às vezes se faz de tolo
Pois de tolo, todos temos um pouco
E não chora por pura vergonha
Vergonha de poucos
Vergonha por ser tolo
O azul bate, bate, batido
No tolo rouco do gemido
Que de um choro homem,
Choro puído,
Rebate o verbo, o solo e o louco
São frias as fumaças
Que das cinzas que ficam,
Corroem o azul
Lágrimas e lágrimas escoam
Nesta voz embargada de dores
Na dor do tolo
Foi aquele beijo não dado
Uma carícia esquecida
Pela vergonha
De um amor rebatido
Eles se separam
Brigam e brigam
Ficam brigados, obrigados
A serem novos tolos
Tolos de vários ciclos,
De vários vícios
Fictícios
Como um gemido, um pequeno
Alarido
Que se devotam, devoram
E voltam
Sem nunca deixar
De perceber
O quão tolos foram
Ou voltarão a ser
O mar rebate a luz, essa fina luz,
Num fino azul
Prússia ou escarlate
Mas ninguém ve
E assim chora, choro
Com um gemido rouco
De pouco alarido
De louco, tolo e fictício.
Peixão89
(após as marolas, novas ondas...)